(...)
Hoje foi um domingo. Dia de família, de frio e de igreja... Ao contrário dos outros domingos, sai numa caminhada solitária e molhada de chuva pra conversar com Deus estrada a fora... Procurei como quis e por querer, mas não encontrei paz, nem palavras...
Nem som, nem luzes, nem nada do que se parecia novo. Só o meu corpo e um monte de mim...
Além uma forte auto-percepção inconveniente, existia uma espécie de vazio. Não um vazio emocional, como uma expressão da alma por se estar perdido, mas um vazio sensorial, como se Deus estivesse ocupado, ou escondido atrás do céu nublado cinza... Nada além da solidão e insegurança.
Num turbilhão de pensamentos desorganizados, minha oração tentava romper a barreira do cansaço mental e domar a desatenção, se mostrando mais necessária que de fato desejada... É como se não houvesse mais nada além de um rebuscar desanimado do meu coração por experiências passadas que justificassem aquela solidão voluntária. Num monólogo frio, numa busca individual e já com a fé fraca, por algo que só a fé pode alcançar...
Qual é causa desse efeito?
Mais uma vez aquele orgulho besta e humano, quase me levou a acreditar que o silencio de Deus poderia ser culpa minha, como se fosse eu capaz de deixá-lo ‘de mal’ comigo...
Eu não tenho subsidio teórico e nem toda a filosofia pensada em todos os universos hipotéticos cabíveis na minha consciência saberiam explicar o porquê dessa vez eu não senti a Deus, nem me senti à-vontade sozinho... Eu não vivi o que por um momento dedicado, eu quis viver em absoluto.Hoje foi um domingo. Dia de família, de frio e de igreja... Ao contrário dos outros domingos, sai numa caminhada solitária e molhada de chuva pra conversar com Deus estrada a fora... Procurei como quis e por querer, mas não encontrei paz, nem palavras...
Nem som, nem luzes, nem nada do que se parecia novo. Só o meu corpo e um monte de mim...
Além uma forte auto-percepção inconveniente, existia uma espécie de vazio. Não um vazio emocional, como uma expressão da alma por se estar perdido, mas um vazio sensorial, como se Deus estivesse ocupado, ou escondido atrás do céu nublado cinza... Nada além da solidão e insegurança.
Num turbilhão de pensamentos desorganizados, minha oração tentava romper a barreira do cansaço mental e domar a desatenção, se mostrando mais necessária que de fato desejada... É como se não houvesse mais nada além de um rebuscar desanimado do meu coração por experiências passadas que justificassem aquela solidão voluntária. Num monólogo frio, numa busca individual e já com a fé fraca, por algo que só a fé pode alcançar...
Qual é causa desse efeito?
Mais uma vez aquele orgulho besta e humano, quase me levou a acreditar que o silencio de Deus poderia ser culpa minha, como se fosse eu capaz de deixá-lo ‘de mal’ comigo...
Talvez a circunstancia, talvez o momento, talvez a dureza do meu coração, talvez minha falta de perseverança, talvez o excesso de ‘talvez’... Eu não sei o que silenciou a voz de Deus no meu coração, na minha mente hoje, mas minha fé fraca, mesmo que apoiada apenas na esperança, se manteve de pé, com fé por receber de mim mais que apenas a sobra da rotina, mais que apenas um domingo solitário e uma canção de louvor emotivo, mais que um bombardeio de nada...
Enquanto fugia de mim, pensava e buscava dentro da minha mente, dentro do meu espírito, algum lugar que a razão ainda não corrompeu com sua linguagem, com sua necessidade de compreensão analítica, que estivesse sensível a perceber no pouco, a imensidão de Deus... E perceber mais do o que o entendimento entenderia, mais que apenas o que pode ser compreendido, e assim, pudesse me devolver a incapacidade de subsistir, a sensibilidade que mora na doce loucura de uma oração firme.
Eu preciso que minha mente já não tenha mais bengalas racionais, nem ciência demais. Sem o orgulho de querer pagar pelo que é de graça... Eu preciso confiar mais no que já recebi e talvez pensar menos, para que minha alma esteja apta a receber o carinho do vento impetuoso, receber outra vez a paz devida, além entendimento...
Hoje eu apenas me vi sozinho, tão longe de Deus quanto era capaz de me sentir, tão fraco e refém de mim... Mesmo quando não escutava nada além da minha voz rompendo o silencio com uma canção ‘deep’ de entrega, desafinada e esboçada a duras penas, o mesmo senso racional que me atormentava, também me falava sobre a graça de Deus, quando me fazia perceber o milagre de estar ali, andando e respirando sozinho, de estar bem e tão miraculosamente normal... O mesmo senso racional que vetou os meus sentidos, me deixou apenas coma minha sinceridade ácida, que no tocante a minha oração me permitiu dizer a Deus que a partir daquele momento, já não tinha mais nada a oferecer, nem paz, nem louvor, nem gratidão ou desabafo, nem intercessões ou pedidos... Nada além da minha solidão molhada, sincera e silenciosa de palavras...
Mesmo sem senti-lo, eu sei que Ele recebeu...
(...)
Isaque Veríssimo, agosto de 2009
Enquanto fugia de mim, pensava e buscava dentro da minha mente, dentro do meu espírito, algum lugar que a razão ainda não corrompeu com sua linguagem, com sua necessidade de compreensão analítica, que estivesse sensível a perceber no pouco, a imensidão de Deus... E perceber mais do o que o entendimento entenderia, mais que apenas o que pode ser compreendido, e assim, pudesse me devolver a incapacidade de subsistir, a sensibilidade que mora na doce loucura de uma oração firme.
Eu preciso que minha mente já não tenha mais bengalas racionais, nem ciência demais. Sem o orgulho de querer pagar pelo que é de graça... Eu preciso confiar mais no que já recebi e talvez pensar menos, para que minha alma esteja apta a receber o carinho do vento impetuoso, receber outra vez a paz devida, além entendimento...
Hoje eu apenas me vi sozinho, tão longe de Deus quanto era capaz de me sentir, tão fraco e refém de mim... Mesmo quando não escutava nada além da minha voz rompendo o silencio com uma canção ‘deep’ de entrega, desafinada e esboçada a duras penas, o mesmo senso racional que me atormentava, também me falava sobre a graça de Deus, quando me fazia perceber o milagre de estar ali, andando e respirando sozinho, de estar bem e tão miraculosamente normal... O mesmo senso racional que vetou os meus sentidos, me deixou apenas coma minha sinceridade ácida, que no tocante a minha oração me permitiu dizer a Deus que a partir daquele momento, já não tinha mais nada a oferecer, nem paz, nem louvor, nem gratidão ou desabafo, nem intercessões ou pedidos... Nada além da minha solidão molhada, sincera e silenciosa de palavras...
Mesmo sem senti-lo, eu sei que Ele recebeu...
(...)
Isaque Veríssimo, agosto de 2009