Sunday, November 23, 2008

Poeta x Poesia

(...)


Poeta Eu?

Não faço redondilhas
nem programo rimas

Não me importo se “A” rima com “B”,
nem se “B” rima com “A”.
Nem se “ser”
não rimará com “estar”.

Não me faço de ortografias herméticas
(Nem excluo sua importância)
Uso figuras de linguagem que só conheço de nome.
Minha métrica é a música no headphone...

Enquanto construo,
o que me agrada é o alimento da alma
o verso as avessas, a essência dos mesmos.
Sentenças que deslizam pelos sentidos,
que cheiram e se comportam conforme a própria personalidade

Porque me limitar a grades pré-postas?
Porque entrepor em programas a síntese da essência pura?
Ou me prender em vanguardas passadas?

Poesia, etimologicamente, vem do latim “poésis”, dizendo respeito à forma de construção
Sendo assim sou construtor de versos...
...assim sendo, um poeta.

Antes disso,
prezo por sintetizar essências.
Capturar e traduzir em palavras, o calor das coisas, das cenas que percebo.
As essências que correm soltas a minha volta, em volta do que vejo.
Tatear no escuro do banal pérolas óbvias.

Prezo por ser o que sou
estar aonde estou
sendo,
o que sou, um reflexo do que anseio ser
e onde estou, onde minha alma esta.

Na teoria, me digo então poeta,
mas na pratica, uso de licença poética pra não o ser...

...Poeta Eu?

Prefiro ser uma criança inocente, brincando com num colorido prato dessa sopa de letrinhas.

Entre, sente-se,
sinta-se à vontade


(...)

Isaque Veríssimo

Friday, November 21, 2008

Dia-a-dia




(...)


É o horizonte que encanta.


O longe de hoje
o aqui do amanhã.
De manhã!
Já é outro dia e misericórdia
são passos novos
feitos raros
cada suspiro inspirando seu milagre...

Gira o mundo

Cansadas as pernas
calhadas as circunstâncias
O sono encena o repouso,
enquanto o riso dorme no rosto.
Além do mais, nem o menos é tanto assim
pra que se pare a caminhada
Que separe o agora do depois.
Todo dia é a mesma vida
Toda a vida é Dia-a-dia

É o horizonte que encanta.

(...)

I.V.

Wednesday, October 8, 2008

Razoável

(...)






É razoável 
que nem sempre toda razão tenha razão de ser
tampouco que haja alguma emoção racional
ou alguma intenção ponderada rasa
Enquanto se rala o senso pela dúvida
pelo apelo à inteligência matemática,
a lógica chora pelo coração que pensa

que sabe pensar...

Toda razão rateia
Toda emoção ateia
e é raro e necessário.
Nesse digladiar infinito...
num fogo gélido que consome a alma
é raso e extenso, como um eterno flertar cego 

como toda razão incompreendida, num existir dissonante

Se não é a razão a emoção de toda lógica
se não toda emoção razão de toda matemática

São coração e lógica
amantes que nunca se dão!

É Razoável...


(...)


I.V.

Saturday, September 20, 2008

7 Kg

( ... )


Leve.

Em alfa

Em off

No centro do nada

No topo do quase

Do não

Do sim

São

E salvo, amén!

Em StandBy

By her

By me!

Assim

Cai do alto

Cai em mim

Sai Dalí

Que outrora aqui,

Pesava e mi

Dó e Sol.

Só e aqui

Leve.

( ... )



I.V.

Monday, September 8, 2008

Vida Colorida


(...)


entrou na tenda!
despiu a roupa que era velha
respirou o ar que já era denso
se deitou no colchão amassado

sorriu um sorriso pintado
fechou os olhos pesados
suspirou um suspiro cansado

verteu das mãos marcadas tremores
das pernas cansadas dores
da alma aturdida esperança e cansaço

um sorriso, um suspiro, um ano de cão

um dia de palhaço.


respeitavél público...
bem vindos ao circo da vida.

(...)

I.V.

Thursday, August 28, 2008

VIDA

nada...





Respira








Tudo






Expira




Todo o resto.



I.V.

Jóia de gaveta

(...)


Não sei... Por que se relaxa a face nesses momentos
Nem por que os movimentos ficam suaves e lentos
Por que o olhar se fixa no nada
como se buscasse tanger o intangível
e muda em lentas piscadas
do nada pra lugar algum,
fitando o inexplicável.
Densa brisa
doce solidez por onde vagueiam meus devaneios.
Destra da calma
da lagrima sem vontade
do riso baixo e descabido
que fere com ironia o pesado manto da desilusão...

Razão!

Raso senso pertinente,
fina e frágil pele que discerne o pulso quente do frio momento.
Desesperado intento de um orgulho fraco, ferido e orgulhoso.
Não sei por que os valores se conflitam nessas horas,
Nem porque a fúria se acalma, como quem se percebe golpeando o ar.
Nessas horas se é como um diamante guardado;
Belo
puro
valioso e pobre
um adorno no escuro da gaveta
a espera de fazer rico quem o possua.
Jóia pesada
pousada a esmo no veludo vinho do acaso.

Não sei...

I.V.

Monday, June 2, 2008

Bolha de Sabão- Crônica

Hoje fiquei sabendo de maneira meio abrupta que um amigo de infância havia sofrido um acidente e falecido. Isso me quebrou a base.

É fato! Tudo o que nasce, more! e talvez esse seja o único fato concreto sobre a terra, do qual acredito eu que a humanidade nasceu eternamente despreparada. Céus! Como a vida é frágil, ora se está vivo, ora já não. Ninguém gosta de falar de morte, mas quando ela aparece num porta retrato é que nos damos conta de quem ela é... Vinte e tantos anos de história, momentos e mais momentos, detalhes e identidades, pra estupidamente sumir do mundo e deixar tudo pra quem ficou, não havendo sequer a possibilidade de um “death E-mail”.

Esse pedaço denso de eternidade que agente passa sobre a terra é em essência, um aglomerado de dúvidas, as quais usamos pra compor o alicerce de algumas certezas. Todo mundo é tão igual e tão absurdamente diferente. Não vou aqui dar uma de Pedro Bial, nem me prestar à Shakespeare do século XXI, filosofando sobre morte e vida e qual o verdadeiro sentido destas. Mas da minha parcela de conselhos obsoletos e sofríveis, me cabe sugerir a cada um que ainda respira que se esvazie de si, que deixe claro e saliente o que sé e o que se pensa, com muita classe e noção é claro, mas que jamais se relacione com quem é importante, e com quem se saber ser importante através de uma interface social programada. Ame de fato, mesmo que isso seja contrariar ou ser contrariado; expresse o que se pensa e o quanto cada um é importante pra você (quando de fato for); ressalte e frise os detalhes da identidade de cada pessoa que você nota, elogie, abrace, beije, ame, sem padrões nem medos.

A fragilidade da vida é tão absurda quanto a própria vida, e quando em fim, cumprirmos com nossa natureza e nos encontrarmos com nossa inevitável sentença, enterraremos milhares de agradecimentos não feitos, elogios não dados, potenciais não despertados nas pessoas que nos cercaram, amores não declarados e desculpas não ditas. E isso é natural, é até meio piegas pensar assim, afinal agente vai estar morto mesmo. Mas quando não tão ‘em fim’ assim, alguém que de manhã tomou café ao seu lado desaparecer desse mundo a tarde, vai ficar na garganta milhares de agradecimentos não feitos, elogios não dados, potenciais não despertados na pessoa que foi, amor não declarado e desculpas não ditas. E isso não é natural, não é piegas e não é inevitável. Fica difícil levar pra cama, pro trabalho, pra vida inteira tudo isso, todos os detalhes, todas as lembranças e todos momentos lindamente fúteis que você viveu com aquela pessoa do café de ontem. Mas quando o tudo isso parar na garganta, o tempo nos deixar diluir tudo em lagrimas, e muitas vezes não há lagrimas suficientes na vida inteira.

Acredite e se esforce por quem você gosta, esteja sempre vazio do que se tem a dar, não importando se será ridículo ou não. Não falo de bancar o “super carismático” e ser só abraços e sorrisos, nem se prestar a gastar a vida em programas sociais, muito menos viver desesperadamente como se cada instante fosse o último e ter a possibilidade da morte como um pesadelo que te obrigue a se derreter a todo momento, isso seria insuportável , mas, se o amor e a compaixão ficarem à mercê de programas de comportamento, se o medo de se expor e de se decepcionar forem maior que o que se tem na mente e no peito, você pode estar se condenando a morrer lentamente com o peso do amor não dado, das emoções não expressas e das palavras não ditas apodrecidas na alma.

Privar o amor ao próximo, é um homicídio... É um suicídio. O tal amigo nem era tão próximo, mas hoje, eu morri mais um pouco.

Isaque Veríssimo, segunda-feira 2 de junho de 2008.

Tuesday, May 6, 2008

Razão


(...)

Não me queira sempre sóbrio
Nem me queria sempre santo
Sempre sou mais sangue que alma
as vezes me embriago de ódio

Não me queira sempre certo
justo e honesto
Nem me queira sempre reto
Por que nasci torto, vivi na parede
e por hora estou no teto.

Não me queira sempre limpo
Nem me deseje sempre quente
Eu ando na lama do mundo
as vezes sou gelado, sem precedentes.

Não me queira só perdão, nem só arrependimento.
Não me queira como eu não sou, mas...

Só me queira...

Eu nego todo o que julgo ser
e serei o que quiser que seja.

(...)

I.V.

Thursday, May 1, 2008

Ela

(...)


Entretanto...

Cada coisa tem seu tempo
Cada fome seu alimento
Cada senso seu contento
Cada “não tenho” seu desdenho

Não entendo!

Como chove no asfalto
com tanta terra seca e áspera?
Como o tempo passa
se a vida anda correndo tão parada?

Céus!

Como uma costela faz tanta falta?

(...)

I.V.

Tuesday, March 18, 2008

Brasileiro

Filho bastardo sou, como todos os meus irmãos.

Ítalo-tupí-lusitano, sou da raça que é única, que é do mundo, que é todas e é nenhuma. Filho dessa mãe gentil, de olhos cor da anil e pele de flor.

Mulher brava, que de criança inocente virou moça meretriz. Que cria suas crias com a destra da vida. Que ama de dia e de noite é vadia.

Nascida em berço esplendido, ao som do mar e a luz de olhos carniceiros. Aliciada e penhorada sem igualdade alguma. Vive da ginga, dança na injustiça da vida, como quem dribla com pitoresca destreza de craque menino a fúria de monstros gringos.

Sambando em brasa, cantando “Lerê” na labuta escrava, é gentil amada mãe, desafia o peito a própria morte pelo sonho intenso de cada filho, pelo amor e esperança de quem sabe um dia, Ver paz no futuro e glória no passado.

Brasileiro sou, Debaixo desse céu risonho e límpido, abraçado pela terra mais garrida, não fujo a luta, nem temo a própria morte.

Entre outras mil, és tu Brasil

Amada pátria minha

Pátria mãe.

Mãe menina.

I.V.

Monday, March 3, 2008

Elogio ao fracasso.


Fracasso, palavra linda, sentimento belo. É o extremo valor das coisas, é o lugar de descanso, de desonra. Quando a cabeça abaixa, o espírito se eleva, e o belo menosprezo à honra é a vingança insultiva contra o pavor da vida. Não existe lá valor nem desvalor, é tudo uma coisa só, vaidade e glória, sangue e suor, força e tremor, fraqueza e vitória. Vitória sim, mesmo que da fraqueza.

Belo nome esse, deste monstro que persegue a todos, que urra em alto e pavoroso tom, como um carrasco de coração mole. O fracasso acaricia as feridas do lutador, coroa com louros secos o semblante abatido, as evidencias claras de um fato de que dão estúpido e amargo, é até doce.

A coragem de se jogar ao chão e desprezar a vaidade, é o mérito de quem se aventura. O fracasso é doloroso sim, e é essa sua natureza. O consolo em dias de fracasso, é como uma faca de dois gumes, embora bem vindo soa a humilhação, pois sempre vem de quem só assistiu e quem sabe até torceu, o que o torna quase sempre inválido (por mais arrogante que tal idéia pareça), ou vem de cima, do vencedor, quando o mesmo demonstra tal humildade e honra o fracassado (o que sempre soa como arrogância).

Ter poucos ou muitos limites, não é ser fracassado, é ser humano. Fracassar é celebrar a dádiva da diferença, é coroar a coragem. Pois só apanha quem da a cara a tapa, só cai quem ousou andar, só passa como fraco aquele que, de alguma forma se arriscou a ser forte. Do resto, são pedras que rolam na ladeira da vida, sem sentido e sem história.

O verdadeiro fracasso é lindo, embora nunca bem vindo.

Sunday, February 17, 2008

Vaga a Mente

voa

voa e voa

vai a mente

mente e voa

mente pro corpo
que grita ...

grita com a mente
que finje que não escuta

trabalha o corpo
vaga a mente

vagamente o corpo descança
furtivamente a mente lermbra
e mente novamente pra pernas que ja se transam

se eleva a mente
em nome da esperança

cai o corpo despresando a honra

e ja sem lembranças...


ruidos se invaidecem

enquato a mente dança...



I.V. 8/ 05